O que é síndrome metabólica?
Criação - Prof. Guilherme Sá
Coordenação - Prof. Guilherme Noira
Síndrome metabólica se caracteriza como uma síndrome multifatorial que acomete toda uma gama de sistemas do organismo, desde o energético, até o cardiovascular, passando pelo arcabouço locomotor, etc (SBC, 2005). Sua prevalência aumenta a possibilidade de mortalidade por doenças cardiovasculares de 1,5 para 2,5 vezes.
Foi na década de 1980 que Raven e Lecture (Reaven, 1993) identificaram que doenças como hipertensão arterial, alterações nos níveis de colesterol e glicose estão muitas vezes associados com a obesidade e, além disso, identificaram também, que todas essas enfermidades convergiam em uma alteração metabólica conhecida como resistência à insulina. Não por acaso, este quadro recebeu o nome de síndrome da resistência à insulina.
Posteriormente, em 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a denominar este quadro como Síndrome Metabólica inserido além da hipertensão arterial e dislipidemia, a microalbuminúria e a obesidade (luna, 2007).
Epidemiologia
Segundo Albert e colaboradores (2006) (IDF, 2006) cerca de 20 a 25% da população mundial apresenta SM e Kaur (2014) (Kaur, 2014) em eu artigo de revisão identificou que a prevalência da SM pode variar até 84% de incidência dependendo da etnia, idade, raça e até mesmo das definições utilizadas por cada órgão de saúde para definir a SM. Na Malásia a incidência variou de 22,9, 16,5 e 6,4% dependendo dos parâmetros utilizados por cada órgão:
International Diabetes Federation (IDF), NCEP – ATP III e OMS respectivamente.
Na américa latina o quadro de síndrome metabólica vem crescendo rapidamente, saltando de 19 para 43% (Villamor et al., 2016).
De acordo com revisão feita por Leão e colaboradores (2010) (Leão, 2010) estima-se que no Brasil, tenham entre 18 e 30% de prevalência de SM dependendo da região do país. Identificou também, prevalência de até 26,7% e 24% nos Estados Unidos da América e Europa, respectivamente, de SM. Na Coreia do Sul (país que teoricamente segue uma dieta diferente e muito mais saudável que a ocidental) Lim e colaboradores (2011) (Lim et al., 2011) verificaram que a taxa da população com SM subiu de 24,9% em 1998 para 31,5% em 2010.
Como diagnosticar a síndrome metabólica?
De acordo com a I – DBSM utiliza-se como critério de diagnóstico o uso de fármacos para controlar os níveis de pressão arterial e dos hipolipemiantes para controle do triglicerídeo assim como, diagnóstico de diabetes. Além destes, deve-se analisar, também, a circunferência do abdome, e glicemia de jejum (SBC, 2005). Fora estes componentes, temos várias condições fisiopatológicas frequentemente atreladas a SM como microalbuminúria, doença hepática gordurosa não-alcoólica, estado pró-inflamatórios, disfunção endotelial, entre outras.
A tabela ao lado apresenta os critérios adotados para a definição de ter ou não a SM, lembrando que é preciso ter no mínimo 3 desses sintomas para ser diagnosticado como SM.

Componentes | Níveis |
---|---|
Obesidade abdominal por meio de circuferência abdominal | |
Homens | > 102 cm |
Mulheres | > 88 cm |
Triglicerídeos | ≥ 150 mg/dL |
HDL Colesterol | |
Homens | < 40 mg/dL |
Mulheres | < 50 mg/dL |
Pressão arterial | ≥ 130 mmHg ou ≥ 85 mmHg |
Glicemia de jejum | ≥ 110 mg/dL |
A preseça de Diabetes mellitus não exclui o diagnóstico de SM |
Tabela: componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III (SBC, 2005). Adicionado a estes componentes temos a má alimentação somada a inatividade física e o fator genético que potencializam, e muito, o desenvolvimento da SM (SBC, 2005).
Causas da síndrome metabólica
Atualmente a incidência da síndrome metabólica vem crescendo cada vez mais trazendo consigo a obesidade, dislipidemia, diabetes tipo 2, cardiopatia, esteatose hepática não alcoólica, etc. Esse quadro pandêmico vem se difundindo devido a dieta adotada a partir do século XX (Swinburn et al., 2011), caracterizada por elevados níveis de lipídios e carboidratos dentre eles, a frutose. Estas alterações vem se tornando cada vez mais frequentes nas últimas décadas devido ao tipo de dieta adotada em todo o mundo baseada em fast foods, e alimentos ricos em conservantes e carboidratos simples semelhantes a frutose presente no xarope de milho, por exemplo (Hwang et al., 1989; Schultz et al., 2015).

Suas causas ainda se apresentam de forma complexa, não sendo ainda completamente esclarecidas. Dentre estas causas podemos citar:
- Sedentarismo
- Dietas ricas em carboidratos e açucares
- Envelhecimento
- Fatores genéticos
- Distúrbios hormonais
- Resistência à insulina
- Rotina irregular de sono e alimentação
Todos estes fatores se encontram intimamente relacionados, sedentarismo e alimentação desregrada levam a elevação dos índices de colesterol se depositando nas paredes das artérias levando a aterosclerose. Este quadro alimentar também leva a obesidade que se encontra relacionada com a resistência à insulina, podendo evoluir para diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e elevando, também, os níveis de colesterol circulante e triglicerídeos. Esta hiperglicemia gera danos nas paredes das artérias potencializando, assim, a aterosclerose causando uma maior obstrução que irá levar a um aumento na pressão arterial (hipertensão) (kidshealth, 2017).
Tratamento recomendado
O principal tratamento para a SM é uma grande mudança no estilo de vida, englobando mudanças de hábitos alimentares e adotando a prática regular de exercícios físicos. Visto que seus fatores causadores se encontram relacionados, uma mudança em um fator pode levar a uma significativa mudança neste quadro clínico.
Dependendo do estado em que se encontra o indivíduo com SM a utilização de fármacos pode ser necessária como estatinas e fibratos para o controle do colesterol, diuréticos e inibidores de ECA para o controle da pressão arterial, antiagregantes plaquetários para a redução do risco de formação de coágulos sanguíneos, metformina ou insulina para o tratamento da hiperglicemia ou DM2.


Exercício físico e síndrome metabólica
Atualmente muitos estudos tem apontado o exercício físico como uma das principais terapias não farmacológica para o tratamento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, controle da massa corporal, manutenção dos níveis de pressão arterial, fornecendo uma melhor qualidade de vida aos seus praticantes (Lavie et al., 2015).Uma vez observada os efeitos benéficos do exercício físico nestas enfermidades concluímos, também, o caráter benéfico deste frente o quadro de síndrome metabólica, uma vez que esta disfunção se caracteriza pela presença de um ou mais dos fatores de risco supracitados (Cardiologia, 2005).
Exercícios como caminhadas, corridas, andar de bicicleta, atividades contra resistência, calistenia, dentre outras múltiplas modalidades de exercício se apresentam com enormes funcionalidades e benefícios para a saúde.
Referências
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